sexta-feira, 19 de junho de 2009

Curso: Cinema para aprender e desaprender



O objetivo do curso, promovido pelo Projeto de Pesquisa e Extensão Cinema para Aprender e Desaprender (CINEAD) é unir alunos e professores na experiência do cinema. Por isso é voltado para professores da rede pública de ensino e pessoas que se interessem pelo tema. As inscrições são gratuita e podem ser feitas pelo email cinead@fe.ufrj.br.

domingo, 14 de junho de 2009

Análise de enquadramentos e movimentos de camera - I

Nesta cena de Cães de Aluguel, de Quentin Tarantino.
O filme narra a história de um grupo de ladrões que se reúne em um armazém após um assalto, procurados pela polícia começam a desconfiar que um deles pode ser um traidor. O filme é montado de forma não-linear, mesclando as cenas do armazém e da interação entre os ladrões, e cenas anteriores do planejamento do assalto.
Esta cena particular é a cena que remonta o momento em que foram decididos os nomes que cada um usaria, uma vez que para não correr riscos no assalto, ninguém deverá saber o verdadeiro nome de ninguém.

Podemos observar a opção pelo enquadramento em plano médio dos personagens, plano que enquadra a pessoa da cabeça até metade do tronco mais ou menos. Esse enquadramento é ultizado enquanto se dá a comunicação entre o personagem que explica a necessidade dos nomes, e que de pé funciona como uma espécie de professor e possui certa autoridade, e os demais personagens que apenas escutam, e são enquadrados da mesma forma, sugerindo uma certa idéia de igualdade entre eles.

O movimento de câmera utilizado para mostrar os personagens sentados é o travelling, a camera passeia sobre eles sem preferir nenhum.

Até que inusitadamente a camera se aproxima em zoom de um dos personagens, destacando-o, ainda que sem explicar porque. Esse movimento não se repete com nenhum dos outros.

Quando os nomes são escolhidos, o enquadramento preferido é o close, que individualiza cada um deles, na medida em que seu nome é apontado.

http://www.youtube.com/watch?v=DvMam5wsZIk

Plongée e Contra Plongée


Plongée, que significa mergulhada em francês, é o termo usado para definir um tipo de enquadramento em que a camera filma o objeto de cima para baixo, situando o espectador em uma posição mais acima do objeto, vemos a imagem como se estivessemos mais altos. Esse enquadramento produz um efeito de diminuir o objeto, de inferiorizar, pois o situa em um plano onde existe algo maior do que ele, que o olha desde cima e dá conta de toda sua dimensão.

O contra-plongéé, é como o nome sugere, o contrário do plano anterior, neste a camera filma o objeto de baixo par cima, siutando o espectador abaixo do objeto e engrandecendo ele na tela, isso gera uma sensação de grandiosidade e superioridade do que está sendo filmado em relação ao observador.

Abaixo podemo ver dois exemplos.

No primeiro, Triunfo da Vontade (1934), documentário de Lení Riefenstahl, filme propaganda do nazismo, a diretora opta por enquadrar Hitler sempre em Contra-Plongée, fazendo com que ele cresça na tela, colocando-o em um lugar de grandeza, e estabelecendo com a camera o mesmo tipo de relação que existe entre Hitler e o público que o escuta. O observador olha Hitler em um ângulo parecido com que o público o olha, reforçando assim a idéia de liderança.








No segundo, A Queda - As últimas horas de Hitler (Der Untergang - 2004), filme de Oliver Hirschbiegel, que narra os últimos dias de guerra antes da derrota da Alemanha. O diretor enquadra o personagem de Hitler em Plongée, diminuido-o no espaço diégetico, ao mesmo tempo que filma os demais personagens que interagem com ele, em contra-plongée, sugerindo assim uma crescente diminuição do lider alemão frente a derrota iminente.